O coletivo feminista no Fundamental 2 e a libertação feminina

Escola da Vila-

Alguns saldos importantes do ano de 2016

 

Por Manuela Lima, aluna do 9º B (2016) 

O espaço moral cedido pela escola para nós, alunas do nono ano, organizarmos um coletivo feminista semanal, no intuito de conscientizar xs menores sobre, principalmente, igualdade e identidade de gênero, tem trazido à tona muitas questões majoritariamente a respeito dos direitos da mulher no papel, e sua diferença para a sociedade em si. É justamente esse tipo de reflexão que buscamos nxs alunxs participantes do coletivo para que elxs possam levar o conhecimento para fora da sala de aula, fora da escola.

Muitas meninas já vieram falar conosco sobre a importância do coletivo no processo de amadurecimento pelo qual elas estão passando, e sempre ressaltando o fator empoderamento. Elas corrigem comentários preconceituosos em geral, e isso está cada vez mais evidentemente presente no cotidiano do sétimo ano, por exemplo, e sem o coletivo isso talvez não estivesse tão marcado. Isso porque já discutimos a revelação do machismo desde as piadas (onde ele aparece sempre muito banalizado) até nas peças publicitárias, passando pela definição de xingamento e de ver o “ser mulher” como algo pejorativo, machismo nas músicas, esse tipo de coisa.

Tomamos muito cuidado, também, para não tratar de temas de forma extremamente radical sem apresentar dois pontos de vista, por causa dxs menores, que são facilmente influenciadxs pela nossa opinião. Assim, o coletivo passa a acrescentar muito na vida das participantes, de um jeito incrível.

Participam dos encontros meninos e meninas de todo F2. Entendemos a importância da participação de todos, uma vez que nossos objetivos são: 1) promover a sororidade dentro e fora da escola, podendo assim ajudar muitas meninas a se fortalecerem e se empoderarem; e 2) expandir nossos conhecimentos sobre a causa por meio de debates, rodas de conversa, discussões de acontecimentos, textos, vídeos, notícias etc. Assim, nada melhor do que promover um espaço aberto, que possibilite que todos adquiram maior conhecimento, consciência e a possibilidade de refletir (e transformar) relações que ocorrem no próprio cotidiano. Está dando certo! Percebemos que eles têm sido cada vez mais respeitosos e cuidadosos com algumas falas ao fazerem referências, “brincadeiras” com as meninas.

O coletivo esse ano foi espaço de libertação expressiva. Desabafos, acolhimentos, tudo de melhor. Posso dizer em nome de todo o nono ano que sou eternamente grata por poder passar as tardes de sexta-feira com tanta gente maravilhosa e que tem se empoderado cada vez mais, e levado questões e reflexões para a vida.